GM: modelo para exportação
16/12/2002
Quando alguém entra em uma concessioná- ria que vende veículos e faz seu pedido pela internet por meio de um quiosque, saiba que isto é uma invenção brasileira. Se um consumidor vai até uma loja e em vez de um showroom com os produtos encontra um vendedor com PCs que o ajuda no processo de compras, essa modalidade de comercialização pela Web é também uma criação do Brasil. Dirão os puristas, isso não é comércio eletrônico. E a pergunta subseqüente: por que não? E-commerce envolve somente uma transação fechada pela internet sem a interferência humana e com o pagamento sendo concretizado eletronicamente no ato do pedido?
É uma definição um tanto restritiva e que deixa de analisar o essencial: nos dois modelos citados, a internet é um meio fundamental do negócio. Em tempo: os exemplos, para quem ainda não descobriu, são da General Motors do Brasil e do Magazine Luiza. E não é por outra razão que o setor automobilístico é o grande destaque do ranking B2C do estudo 100 MAIORES COMÉRCIO ELETRÔNICO, realizado pela revista BUSINESS STANDARD.
A GM, pela segunda vez consecutiva, é a primeira colocada na categoria B2C (de vendas para os consumidores finais), mas é seguida de perto pela Ford e, mais distante, pela francesa Renault, o que mostra a pujança do setor automobilístico, que, segundo pesquisa da e-Consulting, em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, representava, no mês de setembro, 78% de todas as vendas do varejo online brasileiro. Por que a GM entrou na internet? “É uma intenção estratégica”, responde Mauro Pinto, diretor de sistemas da informação para o Mercosul da companhia. “Dentro da indústria automobilística, queremos ser a número 1 em negócios eletrônicos.”
A estratégia de vendas do Celta pela internet é um caso que rompeu a fronteira gaúcha, onde está localizada a moderna fábrica da Gravataí, no Rio Grande do Sul, e chegou a Detroit, nos EUA, capital mundial da indústria automobilística. O ex-diretor da e-GM, Mark Hogan, que também comandou a subsidiária brasileira, declarou, no começo do ano, que o modelo seria implantando em fábricas da General Motors na Holanda, China e Tailância. A fábrica de Cadillac, em Lansing, Michigan, seria demolida e de seus alicerces subiria uma nova e moderna indústria, com um sistema parecido com o de Gravataí.
“É um modelo de exportação”, comemora o executivo da GM, referindo-se a estratégia de venda pela internet. “Hoje, o Celta é o automóvel mais vendido no mundo via Web.” Mas não é o único caso que mostra a criatividade brasileira para suplantar as barreiras econômicas, que limitam o número de pessoas que acessam a rede, estimadas em 22,1 milhões de brasileiros pelo Ibope eRatings, o que representa 12% da população. O dado, que é de junho de 2002, inclui os acessos de casa, trabalho, escola e cibercafés. (segue)
Ralphe Manzoni Jr.
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