O nascimento de uma nova mídia
Rosa Alegria
É notável a evolução de todos os setores da comunicação no processo de trazer e revelar soluções aos órfãos da sociedade civil. O terceiro setor evoluiu, a mídia também. Exemplos vários atestam que a mídia está assumindo finalmente a maternidade dos órfãos sociais. A ANDI – Agência Nacional dos Direitos da Infância, o Prêmio Ethos de Jornalismo, o Prêmio do Instituto Ayrton Senna, são manifestações desse novo pensamento construtivo que prolifera. Já foi o tempo das denúncias. Estando por um fio na navalha da sobrevivência, começando uma nova história a partir do 11 de setembro. Não existe outro caminho. Agora estamos no tempo das soluções.
Há muito mais o que se fazer. É tempo de acordar e de lembrar que estamos com pouco tempo!
Temos que reconhecer a evolução da Mídia das Soluções. Mas ainda há muito mais o que se fazer e pensar a respeito da Mídia da Paz. É preciso que a mídia assuma a maternidade de uma cultura de paz e exponha eticamente o seu papel transformador, através da educação e da conscientização.
Existe uma reflexão vigorosa ao redor do mundo sobre o papel da mídia na construção de um mundo melhor, como agente de benefício para todos os cidadãos planetários.
Eu tive a honra de participar de um momento representativo dessa reflexão mundial há dias atrás em Nova Iorque, representando o Movimento Mídia da Paz, a convite da Organização pacifista Brahma Kumaris, com o apoio da Nutrimental. Pude comprovar que eles existem: os comunicadores da paz existem! E sem dúvida, o 11 de setembro estimulou a sua proliferação.
Um grupo de jornalistas, publicitários e comunicadores estiveram reunidos no 2o. encontro mundial denominado Imagens e Vozes de Esperança, em Peace Village, um retiro espiritual em Mountains Catskills, Nova York. Além do Brasil, participantes do mundo todo, Turquia, Malásia, África do Sul, Argentina, Filipinas, Inglaterra, Europa e Estados Unidos, comprometeram-se a adotar iniciativas que levem adiante a visão e o tema da conferência: como a mídia pode servir como um agente para o benefício do mundo. As sessões foram permeadas de um intenso diálogo sobre o papel significativo da mídia no atentado de 11 de setembro.
Foi uma grande conversa internacional sobre o impacto social das imagens e mensagens públicas. Uma nova mídia foi gerada, resultado de uma fecundação consciente e responsável. Senti o estímulo de todos. Presenciei o resgate do verdadeiro sentido do ofício. Observei a atitude dos comunicadores como agentes de mudança. Assisti às imagens e ouvi as mensagens das possibilidades.
O método denominado “Diálogo Apreciativo”, desenvolvido na Universidade Case Western foi utilizado nessas conversações para promover a criação de práticas que revelem uma abordagem positiva para a mudança. Um novo paradigma foi co-criado: notícia boa também é notícia.
A fertilidade desse encontro gerou idéias que transcendem as soluções e têm o potencial de construir uma nova história para a toda a sociedade global.
São várias as propostas e grandes as possibilidades. Uma rede de conversações em cidades e escolas, prêmios de incentivo a produtores e criadores da mídia que gerem trabalho com novas imagens de paz, uma rede global de jornalistas e ativistas sociais para expandir o impacto de notícias positivas, uma academia de liderança que nutra uma cultura apreciativa e um grupo de apoio a profissionais da mídia e jornalistas no balanceamento da edição de suas notícias e reportagens. Iniciativas adicionais foram propostas para as artes, propaganda, e escolas de jornalismo. A atmosfera do encontro foi repleta de um sentido de urgência positiva para atender a demanda atual do público que está esperando novas mensagens, e para a criação de soluções práticas e relevantes num mundo que está sofrendo dramáticas mudanças.
O Movimento Mídia da Paz acredita na criação de uma nova história através de um nível completamente novo de cooperação: o da cultura da paz e da não-violência. A proposta é que todos os comunicadores reflitam sobre a adoção de uma perspectiva construtiva revolucionária e que faça diferença em sua profissão. Que suas imagens e mensagens, em vez de armar a sociedade com o medo que amplia o perigo, desarmem quem quer a guerra e inspire quem ainda acredita na paz.
Rosa Alegria – Coordenadora do Movimento Mídia da Paz, consultora empresarial, futurista e Diretora Geral da Perspektiva – Tendências, Cenários e Estratégias.
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