A influência da internet e das mídias sociais no jornalismo

26/01/2009

O debate “A influência das mídias sociais nas publicações” que ocorreu no Campus Party, evento que aconteceu em São Paulo entre 19 e 25 de janeiro, reuniu alguns profissionais da comunicação: Silvia Bassi (IDG), Sandra Carvalho (Editora Abril), Marco Chiaretti (Grupo Estado), Marcelo Gomes (Meio & Mensagem) e Tiago Dória. O tema discutido foi como as novas mídias estão se conectando com os meios de comunicação de massa.
 
O debate iniciou com a pergunta: "O que funciona o que não funciona nas novas mídias sociais?".
 
Segundo Silvia Bassi, da IDG, os meios de comunicação de massa e as agências de publicidade estão experimentando e buscando entender as novas mídias e as mudanças proporcionadas por elas. Na opinião da Silvia, cabe aos veículos “mudar a cabeça dos jornalistas" para que aprendam a trabalhar com diversas mídias.
 
Juro que não entendi porque Orkut, Youtube, Twitter e outros têm que ser os responsáveis por mostrar as novidades aos jornalistas. Não seria o contrário? Não são os jornalistas, profissionais com o dever de buscar notícias, gerar conteúdo e divulgar novidades? Então o caminho não deveria ser esse: o profissional buscar as novidades e tratar de entendê-las?
 
Foi mais ou menos o que disseram o Marcelo Gomes, do Meio & Mensagem, e a Sandra Carvalho, da Abril. Ambos comentaram suas atitudes de testar blogs, foruns, Orkut e outras alterantivas de comunicação online. A conclusão do Marcelo foi que "o jornalismo colaborativo enriquece a cobertura dos eventos, com relatos próximos aos acontecimentos." Já a Sandra destacou que “o que mudou no jornalismo foi que ontem o público lia, hoje troca informações. A capacidade de mobilização tornou o jornalismo mais ligado à internet”.
 
O Marco Chiaretti, do Grupo Estado, fez uma comparação entre o jornal impresso e o online no que diz respeito à audiência: "se 300 mil pessoas lêem o Estadão, 8 milhões acessam o portal." Na sua opinião, a relação entre o texto e o leitor estaria em crise no meio online porque no jornal impresso “supõe-se que o leitor leia todo o texto, mas na internet sabemos que isso não acontece”.
 
Não sei. Você acha mesmo, Marco, que os leitores do jornal impresso vasculham todo o jornal e lêem tudo? Eu não faço isso. Leio os assuntos que me interessam. Na internet também faço o mesmo, mas posso afirmar que leio muito mais na internet do que no jornal impresso.
 
Algumas pesquisas mostram que há um desinteresse crescente pelo jornal em papel, sobretudo entre os jovens. Luciano Martins Costa notou, no Observatório da Imprensa, que "as famílias que ascendem à classe média já não aspiram a uma assinatura de jornal, mas a um computador com acesso à internet".
 
Por outro lado, do ponto de vista financeiro, Chiaretti comentou que "os publicitários devem se convencer que os anúncios em portais serão maiores do que no papel, mas sem prejudicar o jornal tradicional."
 
A conclusão, segundo uma matéria publicada no [Webinsider] é que "o jornalismo tradicional está se adaptando às novas tendências e deseja cada vez mais produzir conteúdo na internet e lidar com a influência das redes sociais."
 
Concordo. Um jornal que está super atento à interatividade proporcionada pela WEB 2.0 é o grupo RBS. As versões online dos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho, há muito tempo exploram os blogs como formato de comunicação entre jornalistas e redatores e os leitores, assim como o portal CLICRBS e os sites de outros veículos do grupo.
 
Mas cá entre nós, para ser bem sincero, não sei se publicitários e anunciantes estarão preocupados em não prejudicar os jornais impressos como comentou o representante do Estadão. A situação é mais séria e é bom que a mudança de conceitos se inicie já. O jornalismo tradicional deverá, em breve, rever seu modelo de negócios e rentabilidade, tanto no que diz respeito à audiência, venda de espaços publicitários e também redução de custos. E certamente, todos veículos de comunicação estarão "obrigados" a desenvolverem-se, cada vez mais, no meio online.
 
Não acredito que o jornal impresso vá acabar, como defendem alguns arautos do caos por aí. Certamente o crescimento geométrico do número de publicações online, redes sociais, blogs, wikis, twitter e outros, acompanhado da popularização da internet em larga escala, deixa em alerta os principais jornais do mundo. O que posso afirmar é que jornal nenhum sobreviverá se não tiver a versão online também.
 
À medida que, assim como os leitores, a própria publicidade for migrando para o meio online, como já vem ocorrendo, qual o futuro dos jornais impressos? A discussão está aberta.

 

Ricardo Prates Morais é consultor em web marketing e diretor da agência emarket e editor da emarket News e do blog Publicidade na Web.

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