A tecnologia será invisível

22/02/2008

Um dos fenômenos que marcaram os últimos anos do século 20 foi a democratização da tecnologia. Durante décadas, apenas as grandes corporações podiam manter uma estrutura própria de equipamentos caros e poderosos. A miniaturização e o barateamento de componentes permitiram mais tarde que os computadores passassem a fazer parte da vida cotidiana no trabalho e nas casas. O mundo da tecnologia, porém, está às vésperas de uma nova e profunda transformação.

Em um futuro próximo, tudo o que acontece dentro do computador — desde o processamento até o armazenamento de informações — deve migrar para a internet. Os documentos, assim como os programas usados para criar e modificar esses arquivos, estarão guardados em servidores espalhados pela internet. O PC vai ser apenas um dos meios de acessar essas informações, a qualquer hora, de qualquer lugar.

Na esfera das empresas, a mudança representa o desaparecimento de grandes servidores, por exemplo. Os contornos dessa transformação — mais profunda do que parece à primeira vista — são delineados na obra The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google ("A grande virada: reconectando o mundo, de Edison ao Google", em tradução livre e ainda sem previsão de lançamento no Brasil), escrita pelo especialista em tecnologia e ex-editor da revista Harvard Business Review Nicholas Carr. Recém-lançado nos Estados Unidos, o livro é uma visão do novo mundo da tecnologia. Seu uso, argumenta Carr, será cada vez mais parecido com o da luz elétrica: vamos nos conectar a uma rede de informações e pagaremos de acordo com o consumo.

A idéia é poderosa e tem implicações profundas e imediatas para a indústria de software e hardware, na qual prosperaram potências inquestionáveis como Microsoft e IBM. No cenário delineado por Carr, ninguém mais precisará comprar um software para ter em sua máquina o programa que deseja. Ele será um serviço disponível via internet, pago em mensalidades ou até mesmo gratuito. Um dos exemplos disso é o Google, que oferece versões rudimentares de processadores de texto e planilhas eletrônicas que podem ser utilizadas em qualquer computador conectado à internet. Trata-se de uma ameaça séria ao negócio mais lucrativo da Microsoft, o conjunto de programas Office — e um dos motivos para que a maior empresa de software do mundo queira comprar o Yahoo!.

"A internet tornou-se literalmente nosso computador. Os diferentes componentes que costumavam estar isolados na caixa fechada de um computador podem ser agora dispersos pelo mundo, integrados pela rede e compartilhados por todos", escreve o autor.

Por Camila Fusco

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