Medidas liberam internet para candidatos e coibem jornalistas

11/09/2009

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu a liberação da Internet nas eleições. “A Internet é uma tecnologia que veio para ficar e é impossível estabelecer qualquer controle. A concepção de rede significa que não tem um centro gerador que controle toda a rede. Cada um vai agregando, agregando, a rede vai se expandindo e não temos como controlá-la. Eu acho que nem se deve estabelecer normas nesse sentido porque, na realidade, são normas que não vão ter nenhuma condição de fiscalização”, declarou Sarney.

USO LIVRE DA WEB PELOS CANDIDATOS

A proposta dá liberdade total aos candidatos na web, podendo utilizar todas as ferramentas, como blogs, mensagens instantâneas e redes sociais. Os candidatos à Presidência da República também poderão comprar espaço em portais de conteúdo jornalístico. O texto-base, que foi aprovado na noite de quarta-feira (09/09), também permite a doação eleitoral por meio da internet e do telefone, além de recursos por cartões de crédito e débito, transferências on-line, boletos bancários e até pode desconto em conta telefônica, por doação direta ou indireta, por meio dos comitês partidários.

USO LIMITADO DA WEB PELOS JORNALISTAS

A discussão sobre o projeto de reforma eleitoral ainda seria retomada com a apreciação das restrições na cobertura jornalística na web durante o período das eleições. Na cobertura jornalística na Internet, a proposta prevê a proibição de opiniões ou "tratamento privilegiado" a qualquer candidato, seguindo as mesmas regras aplicadas a rádio e TV.

Os fatos refletem motivações econômicas por um lado e eleitoreiras por outro. Enquanto políticos defendem o uso livre da web em benefício próprio por se tratar de uma ferramenta poderosa de comunicação e propaganda (eleitoral inclusive) muito poderosa (permite a doação eleitoral por meio da internet e do telefone), por outro lado defendem restrições na cobertura jornalística.

IMPRENSA CERSEANDO A LIBERDADE DE IMPRENSA
A Globo e a Folha de São Paulo divulgaram comunicados internos com orientações que restringem o uso de blogs, Twitter, Facebook, Orkut e outras mídias sociais.

A recomendação feita pela Folha, assinada pela editoria executiva, é que os profissionais não assumam opiniões partidárias, sobre qualquer candidato ou campanha, e também veda a publicação de conteúdo exclusivo, acessível apenas para assinantes do jornal.

"Os profissionais que mantêm blogs ou são participantes de redes sociais e/ou do twitter devem lembrar que representam a Folha nessas plataformas, portanto devem sempre seguir os princípios do projeto editorial, evitando assumir campanhas e posicionamentos partidários", recomenda Eleonora de Lucena, editora-executiva da Folha.

Conteúdos de colunas e reportagens exclusivas também não serão permitidos, já que são reservados para os leitores da Folha e assinantes do UOL. "Eventualmente blogs podem fazer rápida menção para texto publicado no jornal, com remissão para a versão eletrônica da Folha", afirma o texto.

A Globo não ficou atrás. Segundo a coluna Radar On-Line, os contratados da empresa estão proibidos de divulgar comentários sobre temas relacionados às atividades da Globo. Os funcionários só poderão ter perfis nas redes sociais com autorização da empresa. Com a medida, a emissora também pretende proteger seus “conteúdos da exploração indevida por terceiros, assim como preservar seus princípios e valores”, informa o comunicado.

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