Mensagem não desejada é Spam? NÃO!

16/02/2008

Mensagem não desejada é propaganda. Bem feita, surpreende. Com conteúdo pertinente e promoção criativa dá resultado. Ora, a alma da propaganda é a surpresa. Somos surpreendidos por comunicações na TV, no outdoor, na revista, no jornal e no rádio. E no e-mail!! Qual a diferença?

Da mesma forma somos agredidos em todos estes meios por propagandas terrivelmente mal feitas. Pior, na TV não tem Opt Out. Não posso me descadastrar, ou ainda pior, impedir meu filho de ver conteúdo discutível entre um desenho e outro. Ou mesmo as propagandas de salgadinhos gordurosos e as intermináveis (e in-montáveis) pistas da Hot Wheels. Infelizmente não tem Opt Out no telemarketing da Vivo, na mala-direta do meu banco e na propaganda das Casas Bahia.

Comunicação é livre e assim deve ser. Uma empresa tem o direito de conquistar consumidores através de uma comunicação que convença, depois de surpreender. E o consumidor, especialmente, tem o direito de ter acesso a comunicações que lhe dêem a oportunidade de comprar produtos melhores e/ou mais baratos.

Isso era assim até a Internet. Toda esta história de Spam é evidente agora por causa dos provedores que tem o ônus de proteger os interesses de seus clientes. Só que os provedores tem como seu maior custo justamente a estrutura de e-mail que, ironicamente, ele oferece de graça (ou quase) em seus pacotes de serviço. Ora, estas estruturas têm filtros muito limitados (para ser educado) que acabam por barrar mensagens de todos os tipos, de propaganda e de vírus.

Porém, o que pouca gente sabe, e que tive o trabalho de levantar, é que o número de mensagens não desejadas que são vírus, phishing, robôs, enfim, com procedência desconhecida e sem uma empresa por trás são mais de 95% das mensagens que recebemos diariamente. Uma boa parte fica presa já no provedor. As mensagens por e-mail que são propaganda de empresas constituídas, com CEP e CNPJ representam em média 3% do total. É o E-mail marketing. Mas daí, aqui no Brasil, o  CGI partiu para montar uma comissão de estudo do Spam para uma proposta de lei. E dentro incluiu o e-mail marketing. Pior, instituiu que o problema a ser atacado é a propaganda pela internet. Apesar de o próprio CGI listar em seu site que Spam é correntes (chain letters), boatos (hoaxes) e lendas urbanas, propagandas, ameaças, brincadeiras e difamação, pornografia, códigos maliciosos, fraudes, spit e spim e Spam via redes de relacionamentos.

Vejam que o único Spam que pode ser responsabilizado é a propaganda, justamente a menor parte do problema, quase ínfima. É um grande equívoco. Spam não é mensagem não desejada. Isso é uma definição equivocada, quase ignorante. Por que? Porque o órgão que quer ajudar a regular a internet brasileira, que é o maior e mais poderoso meio de comunicação do Brasil, carece de técnicos em comunicação. Pessoas aptas, que estudaram comunicação para opinar a respeito. O que eles chamam de Spam não é mensagem indesejada, mas sim mensagem sem objetivo de comunicar nada, mas tão somente com  o intuito de disseminar vírus, captar informações de forma ilegal ou apenas travar os provedores mesmo. Isso tem que ficar claro para os usuários.

Os provedores, com ou sem lei, seguirão com o ônus de barrar as mensagens que forem spam, porque estas mensagens não só continuarão existindo como cada vez em maior número, infelizmente…. Mas terão de barrar de forma inteligente, deixando passar justamente as propagandas (legítimas) que seu assinante recebe. É inevitável que isso aconteça. O provedor tem que investir em sistemas mais modernos e robustos. Porque, meu amigo usuário, os caras que estão por trás dos verdadeiros Spams não existem, são fantasmas apenas. Fazer uma lei para eles é uma piada, fantasmagórica piada.

Jonatas Abbott é sócio-diretor da Dinamize.

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