Napster é sepultado sem choro nem vela

Como muitos produtos que acabam esquecidos, o fim do ex-fenômeno da troca de música pela internet Napster não gerou grande compaixão. `Quem liga?´´ Perguntou Sebastian, aluno da Universidade Técnica de Darmstadt, Alemanha, em entrevista à Reuters, ao ser informado da liquidação do Napster, que ocorrerá na quinta-feira. `Todo mundo adotou outros serviços de troca de arquivos. O interesse pelo Napster na comunidade de internet não era tão grande como todo mundo achava´´, disse o engenheiro de 28 anos. No seu auge em 2000, o Napster atraiu dezenas de milhões de fãs de música, que trocaram de tudo na rede: de singles de Eminem a gravações raras de shows alternativos. Para desconsolo das grandes empresas de mídia, o Napster introduziu o conceito de compartilhar arquivos para uma geração inteira de jovens, que agora troca uma ampla variedade de material protegido por direitos autorais – filmes, games, de tudo -, levando Hollywood e os legisladores à loucura. Com o legado do Napster de vento em popa, o serviço em si tornou-se um fantasma. Encerrou operações há um ano, em meio a um amontoado de problemas legais. Na quinta-feira, grupos de discussão na internet sequer se davam ao trabalho de comentar o serviço que fora antes declarado inimigo número 1 das gravadoras. O destino do Napster foi selado na quarta-feira, quando um tribunal de falências dos Estados Unidos recusou a oferta do grupo de mídia alemão Bertelsmann BERT.UL pela compra da companhia. A única opção é deixar de existir. Um executor leiloará os ativos da empresa, incluindo o nome de marca, endereços de web e tecnologias. Executivos das gravadoras disseram à Reuters que o fim do Napster não terá impacto na pirataria desenfreada de música e outros tipos de arquivo. Os herdeiros Morpheus MusicCity, Grokster e Kazaa conseguiram levar o escambo a níveis difíceis de controlar. Diferente do Napster, que centralizava toda a troca de música em seus servidores, eles permitem que os usuários compartilhem qualquer tipo de arquivo diretamente entre si, tornando praticamente impossível interromper o serviço. A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), um dos principais inimigos da Napster, divulgou um obituário, sensível até certo ponto, para o finado serviço. `A Napster tinha uma grande tecnologia, mas ela nunca teria sucesso até que conseguisse tornar essa tecnologia um modelo legítimo de negócios que respeitasse os direitos autorais dos artistas e das gravadoras´´, afirmou a IFPI em um comunicado. Henry Wilson, fundador da Grokster, uma rede peer-to-peer (como são conhecidos os serviços de troca direta de arquivos) citada em um processo por empresas de filmes e de música por violação de direitos autorais, disse que a Napster saiu dos negócios antes de uma decisão final da justiça sobre a legitimidade das redes de trocas de arquivos. `Eu não acho que pode-se dizer que esta foi uma vitória para as gravadoras´´, afirmou Wilson à Reuters.

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