O editor e a informação criativa
Dizer a verdade sempre foi a premissa do profissional de jornalismo. Uma questão ética muitas vezes acima do bom cargo, salário ou reputação. Inúmeras vozes foram caladas nas redações por décadas, em benefício dos posseiros dos veículos de comunicação de massa. No entanto, o advento da Web e das nova tecnologias de difusão de informação permitiram inaugurar um novo tempo, o da publicação pessoal. O fato é que ainda hoje a grande maioria dos profissionais de comunicação não percebeu a força revolucionária por trás da publicação pessoal na Internet. Esperam que o mundo se transforme por conta de aplicações tradicionais do jornalismo, da publicidade e das relações públicas. Ao invés de se discutir as possibilidades que as novas tecnologias – cada vez mais intuitivas e ao alcance dos leigos em informática – proporcionam, preferem prender-se a discussões no mínimo estúpidas, retornando sempre ao mesmo ponto vazio.A disseminação pura e simples da informação, muito provavelmente, talvez não seja mais o papel essencial do comunicador social se partirmos do princípio de que na era da Internet cada pessoa pode ser um veículo de comunicação, com voz própria, independente da ideologia ou do aporte financeiro. É nesse cenário que surge de forma relevante o papel do editor profissional e sua capacidade em transformar informação pura e simples em conhecimento.A informação criativa é aquela que permite criar conceitos a partir de fatos, o que é mais que meramente divulgá-los. Obviamente, a notícia como a conhecemos hoje jamais perderá sua importância, mas é preciso considerar que em tempos de super abundância de informação o furo jornalístico abre espaço para um novo modelo de comunicação. Um modelo preocupado mais com a qualidade e profundidade de cada assunto, capaz de educar além de informar, de interagir além de entreter.São novos paradigmas da comunicação, social e pessoal, que começam a se estabelecer em um novo tempo, de mudanças velozes porém superficiais. E a negação dessas mudanças por diversos comunicadores não vai além de resistir à substituição e disseminação cada vez maior do conhecimento e da prática de se comunicar. Jornalistas, por exemplo, são e serão cada vez mais essenciais na era da informação, não por uma questão de diploma, mas por conta de sua responsabilidade social e seu compromisso ético com a verdade. Mas a figura do editor da informação criativa não se detém ao jornalista, mas a valores essenciais do jornalismo: verdade, verificação e objetividade. Ouvir e questionar. Buscar a precisão da informação, tendo sempre a consciência aberta e preocupada com a integridade física e moral de seus leitores e expectadores. Zelar pela boa e responsável utilização das novas tecnologias, pelo exercício ético da democracia, pela não-utilização da informação em benefício próprio ou de interesses escusos, sejam comerciais ou ideológicos. Zelar, acima de tudo, pela liberdade de expressão. Assim, o editor criativo, dotado de sensibilidade para filtrar aspectos de determinados assuntos, transformando a informação em conhecimento, utiliza a Internet a seu favor. E a responsabilidade social do ato de comunicar-se vai além da atuação de jornalistas, publicitários e relações públicas, para estabelecer-se em um nível pessoal de atuação. É inevitável que cada pessoa seja, pelo menos em potencial, um publisher. Mesmo porque não há como delimitar, regulamentar e fiscalizar de forma eficiente a propagação de informações pela Rede. A opção que nos resta é discutir assuntos pertinentes aos comunicadores em uma esfera mais ampla, estabelecendo princípios para um novo modelo de comunicação, pertinentes à nova era que recém-adentramos, a era da publicação pessoal. A multiplicação frenética do saber via Internet requisita cada dia mais profissionais aptos a desenvolver conteúdo de qualidade, que agregue valor às idéias. Editores hábeis, capazes de encontrar a informação certa e transformá-la em um conhecimento imprescindível para os seres viventes do ciberespaço. H. Guther Faggion é jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com projeto de graduação na área de Internet. Acompanha o processo de desenvolvimento da Internet comercial desde 1997, prestando serviços para empresas de Internet e assessoria na área de comunicação para Web desde 1999. Atualmente é aluno de pós-graduação em Marketing na Fundação Getúlio Vargas. (http://www.guther.hpg.com.br)
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