O Facebook vai bater o Google
03/05/2010
O social como padrão da internet. É isso que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, quer. Na quarta-feira (21), durante a conferência de desenvolvedores do Facebook (F8), a empresa apresentou novidades que deixaram claro que seu objetivo é ser a principal arquiteta da internet do futuro. O Facebook quer que a experiência social da web seja incorporada ao uso cotidiano de sites. Mas o que isso significa? Como pode mudar o funcionamento da internet e colocar a empresa na posição de protagonista da história virtual?
O primeiro passo para a internet supersocial de Zuckerberg é permitir que sites saibam do que você e seus amigos gostam – todos os sites, não apenas o Facebook. No mundo ideal de Zuckerberg, todos as páginas da internet terão um botão de "gosto", ligado ao Facebook. Lendo a resenha de um filme, ou de um restaurante, você poderá descobrir que outros amigos já estiveram naquela página e favoritaram aquele conteúdo – tudo no próprio site em que estiver, sem precisar acessar o seu perfil da rede social. O mesmo vale para notícias, blogs, músicas: as conexões sociais não vão mais existir apenas entre pessoas, mas também entre lugares, marcas.
Basicamente, Facebook está pegando dados do fluxo de informações infinito da internet e aplicando de volta na web, de uma forma que eles não sejam perdidos. "O fluxo é efêmero. Ele está lá algumas horas e depois a maior parte disso flutua para longe. Serviços não entendem as conexões semânticas entre você e aquele restaurante", disse Zuckerberg. Agora eles poderão entender. A ideia é que você receba recomendações a partir de coisas que gostou e de que seus amigos gostaram.
Esse não é um conceito totalmente novo. A rede social Last.fm, por exemplo, faz recomendações musicais baseada no cruzamento de dados do que você ouviu ou que seus contatos – e também pessoas desconhecidas – ouviram. A diferença do Facebook é a amplitude do projeto – a web inteira – e o fato de que a empresa realmente tem tecnologia e massa crítica para que isso funcione. Segundo dados do comScore, o site está perto da marca de 500 milhões de visitantes únicos, número de pessoas diferentes que acessaram o site em um mês. Foram 484 milhões em março de 2010. Nos EUA, o Facebook só tem menos visitantes únicos que o Google. E continua crescendo.
Segundo a empresa, essa mudança pode ser tão importante quanto a invenção do hyperlink, o sistema de ligar páginas que permite a existência da web. Claro que uma empresa que só existe por conta da parte do social da web vai defender esse discurso contra a dominância dos links, área que pertence ao Google e seu mecanismo de buscas. O Google é principal problema no caminho do Facebook. É o Google quem dita as regras hoje: um site precisa aparecer nos resultados de busca do Google para existir, ou é ignorado pelos internautas. Além disso, a empresa possuiu um modelo de negócios baseado em publicidade online seguro e lucrativo. O modelo Facebook – apesar de Zuckerberg afirmar que a empresa está no azul desde setembro de 2009 – não é tão sólido.
Ainda. A nova internet social imaginada por Zuckerberg também deve, modificar a plataforma publicitária da empresa. O Facebook já coleta informações sobre seus usuários. Isso é extremamente importante no mercado publicitário, pois permite a criação de anúncios para públicos hiperespecíficos – empresas anunciantes falam diretamente com as pessoas que lhes interessam. O Google, mesmo com serviços como o Gmail, o Google Docs e o Picasa, não consegue fazer isso tão bem. Segundo Bret Taylor, do Facebook, os usuários da rede social compartilham mais de 25 bilhões de coisas por mês. A empresa esperava que o novo botão "gostar" fosse usado 1 bilhão de vezes só nas primeiras 24 horas de existência. Com informações de toda a web, as propagandas do Facebook devem se tornar ainda mais customizadas e direcionadas.
Se conseguir convencer o mundo de que pessoas são mais importantes do que links, o Facebook pode se tornar o novo gigante da publicidade online. Com um modelo de negócios sólido, poderá realmente ser o líder da construção do futuro da internet.
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